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Foto do escritornicollas rosa

Justiça proíbe Titi Müller de Falar que Ex Marido a Agredia - Violência Doméstica e a Institucional

Gente, se eu entendi bem: a justica não quer que a Titi Muller exponha na internet que o ex-marido dela, Tomás Bertoni, a agredia fisicamente.
Esse Bertoni, que batia nela, é filho daquele ex-ministro e integra a banda Scalene?
Então, não vamos contar que o Tomás bateu nela.

Comentário retirado do Twitter- diversos autores.





Hoje estava tranquilamente navegando pelo Twitter quando me deparei com uma série de comentários que diziam o mesmo "Então, não vamos contar que o Tomás bateu nela." e isso se dava por uma indignação coletiva quanto a uma decisão judicial que proibe uma mulher de falar/relatar sobre episódios de agressão física que vivenciou com seu ex parceiro.


Para começar, poderia até dizer aqui que é irrelevante o fato de ser uma pessoa famosa ou não, mas isso não é irrelevante, pelo contrário, o fato de ser famosa, de se tratar de pessoas públicas e de o acusado ser filho de um ex ministro tem extrema relevância, primeiramente porque de certa forma sim, o caso pode ser espetacularizado e segundo porque não seria nenhuma surpresa que um homem branco, rico e com conhecidos na política (pai) seja protegido pelo sistema jurídico (principalmente porque apenas com 1/3 desses pontos ele já teria proteção).


Outro ponto importante a destacar é que aqui não somos advogados, não é intenção dissertar sobre o processo judicial como um todo, mas sim, sua principal repercussão: Uma Mulher, Vítima de Violência, com um Agressor Confesso, não pode falar sobre caso. Mesmo sendo uma pessoa com visibilidade e influência.


Bom, para entender de forma breve a história toda:



A Dificuldade de Denúncia e a Conivência Institucional nos Casos de Violência


Agora que devidamente já introduzimos o caso, vamos falar sobre o assunto principal aqui: a Conivência das Inscrições.


Sempre que falamos sobre violência doméstica nos canais da Brapsi, falamos sobre o que é a violência, falamos sobre os tipos de violência, falamos da conivência social e falamos da conivência institucional e a dificuldade de denúncia, este é nosso roteiro básico, sabe porque?


Porque estamos no Brasil e mesmo que repitamos 1000 vezes e tentemos conscientizar mais 1000 ainda iremos nos deparar com notícias como esta onde uma mulher vítima de ameaças com filho do agressor não pode falar sobre o caso (que ainda corre sobre segredo de justiça) para proteger a "honra" do agressor revitalizando a vítima com essa violência processual...


E sabe mais? Não apenas afeta a vítima diretamente, mas, sendo ela figura pública e de cerca influência, mostra que: mesmo se você tiver voz você pode ser calada se tiver coragem para denunciar uma violência. Então, temos milhares de mulheres que sofrem as agressões em silêncio, tal como ela que começou a vivenciar as agressões em 2020 durante sua gravidez, e quando tomam coragem e ganham voz, são caladas ou negligenciadas pelo sistema e pelas instituições que lhe devem proteção.


Neste caso acima, vemos isso acontecer na esfera judicial, mas isso, para a grande maioria, vai ser o policial que fará pouco caso das agressões, que dirá que "apanha porque gosta", isso virá com o atraso e a demora para uma medida protetiva, como um lentidão judicial às vezes para uma pensão para o filho ou medidas que garantem para uma mulher que viveu muitos anos de sua vida refém de um relacionamento abusivo, uma segurança financeira, uma moradia e as vezes um auxílio mínimo que seja em forma de orientação...


Mas, se na esfera judicial, até que pode pode-se impedir uma mulher de relatar e tornar públicas as agressões que viveu? Porque não conscientizar? Porque não mostrar que o mundo não é um conto de fadas? Porque não expor a violência vivida pelo sistema jurídico que assim que possível passará a mão na cabeça de um agressor, por vezes se aproveitando do medo e vergonha da vítima? Porque não falar sobre?


O caso de Titi Muller lança luz sobre a temática da violência doméstica, enfatizando o Brasil como um país de impunidade onde a vítima de violência doméstica é calada e revitalizada pelo sistema que a devia proteger, o agressor é protegido e sua honra zelada e a população assolada pelo fantasma da incompetência das instituições que cala quem poderia ganhar voz para sair de situações de violência.



Autor: Nicollas Rosa de Souza

Psicólogo - CRP 05/69539

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