A "Rainha da P*taria" e a Sexualização do Corpo Infantil na Pornografia 🔞

Tu tens apenas metade da minha ilusão. Teus doze aninhos permitem somente um olhar. - Música "Nosso sonho" Claudinho e Buchecha

Com esse trecho da música de Claudinho e Buchecha inicio este blog para falar com vocês sobre a sexualização da infância e do corpo infantil, no caso da música, temos nela a história de um romance proibido e ilícito onde um cara adulto que se apresenta como "Coroão" fala à sua amada de apenas 12 anos.

Essa música, que fez muito sucesso, passou para a grande maioria desapercebida, mas talvez porque no imaginário popular de sua época, um homem com uma menina de 12 anos, apesar de ilegal, era tolerável e, acreditem, esta música deve ter servido de música tema para muitos "romances" ilícitos.

Mas, apesar da pontuação a respeito desta música que por muitas vezes aparece aleatoriamente eu meu Spotify, o assunto de hoje é ainda mais complicado, mas também tem conexão com o cenário da Música.

Mc Pipokinha, a Rainha da P*taria

Para quem não conhece, a Mc Pipokinha é uma cantora de popularidade recente que tem viralizado nas redes sociais por conta do teor de seus shows, que são carregados de cenas explícitas, músicas sugestivas, reproduções e encenações de sexo e tudo o mais que lhe renderam e mantém com ela o título de Rainha da P*taria. Até aí, tudo bem.

Não vim até aqui para criticar a própria enquanto profissional na indústria da música e o universos dos shows, se ela se propõe a um tema e tem quem pague para ir, espero mais que me convidem e será um prazer ver de perto (amigos que lerem, aceito se pagarem meu ingresso). Então, desde já, peço a militância que tenho visto fazendo algumas defesas absurdas para sossegar, não sou fã nem hater, apenas venho levantar uma discussão a respeito de um tema que atravessa a figura da Mc Pipokinha.

Pois bem, pesquisando a respeito da Mestre de Cerimônias (Mc), acho que este termo lhe cabe melhor, encontrei um conteúdo que me chamou atenção e que vejo ganhando certa evidência nas redes sociais e mesmo no alcance do próprio vídeo: Pornografia.

Mas, para a minha surpresa, que dediquei certo tempo estudando e ministrando aulas sobre comportamentos sexuais parafílicos, encontrei uma pornografia incomum, uma pornografia que poderíamos começar descrevendo como "Autonepiofilia" a partir de uma primeira impressão, mas que vai muito além disso quando analisamos todo o contexto e no fim, talvez nem tenha haver com isso.

A autonepiofilia ou infantilismo consiste na excitação sexual derivada do uso de fraldas e outros acessórios para bebês, além de se comportar e ser tratado como tal.

Bom, antes de seguirmos com nossa avaliação a respeito do conteúdo, prefiro que assistam, depois, seguimos com nossas considerações.

Preciso ressaltar que, apesar de incomum, o conteúdo pode ser considerado pornografia e tem cenas e comportamentos explícitos e que podem ser desconfortáveis para alguns leitores.

Adultos demonstrando comportamento infantil, estamos falando de autonepiofilia?

Não! Para já começar nossa discussão, não, não estamos falando desta parafilia. Para se caracteriza como tal, a pessoa deveria ter prazer sexual neste comportamento e em momento algum no vídeo as personagens demonstram sentir algum prazer, estamos falando aqui de Pornografia.

A pornografia ela tem uma finalidade de venda e, não atoa, elas usam dos artifícios de parafilias para alcançar públicos diversos, conteúdos "fetichistas" onde agradarão homens que possuam satisfação sexual em mulheres se comportando como crianças, também podólatras uma vez que dão enfoque aos pés e interagem com eles e também os que tem fantasias e parafilias ligadas a submissão, humilhação e petplay onde o outro, com coleira e submisso promove o prazer sexual.

Outros comportamentos ligados à parafilias também aparecem, porém, não vem ao caso sinalizar todos, o que vale aqui é: O conteúdo é puramente pornografia com finalidade de venda em cima de um nicho de publico diversificado e diverso e sim, dentre este público os pedófilos.

É evidente que o comportamento infantilizado, o uso de chupeta, as brincadeiras infantis e mesmo vídeos mais pesados que esse onde a Mc Pipokinha se passa por uma criança que vai para o motel com seu pai, irão despertar o interesse de adultos que possuam o interesse sexual ligado ao corpo, comportamento e inocência infantil, mas está ainda nem é nossa questão principal.

Podemos considerar que sim, pedófilos terão acesso ao conteúdo, irão se satisfazer, talvez façam contato com elas para acesso à conteúdos e materiais mais explícitos deste modelo, o que deve ser bem rentável e uma forma lícita de ganho para elas, até aí, ok. Mas e a cultura geral e os não pedófilos que acessam o conteúdo?

A Sexualização do Corpo Infantil

Já falamos sobre isso algumas vezes, a pornografia atual ela tem trabalhado cada vez mais na infantilização do corpo infantil e, neste vídeo, temos claramente crianças sinalizadas, o que nos leva a um caminho bem tenso: a criação de fantasias sexuais.

Quando falamos sobre fantasias sexuais, não falamos sobre parafilias ou Transtornos parafílicos, estamos falando de uma fantasia, uma imaginação, uma ideia, uma proposta, um desejo sexual ligada a um determinado objeto talvez a fim de curiosidade ou porque se assemelha a algo que nos desperta interesse sexual.

O comportamento infantil sexualizado no vídeo está associado à mulheres, a sexo, a desejo e isso pode se reproduzir ao contato com uma criança, a criança para a ser objeto de desejo, seu comportamento outrora infantil passa a ser sexualizado e o que nunca foi uma possibilidade pode passar a ser, isso mão torna o sujeito pedófilos, mas sim, faz dele um alguém com desejos em uma criança e um potencial abusador.

Mas podemos não ir tão longe, podemos falar sobre a sexualização da adolescente, apesar da Mc Pipokinha se comportar como uma criança, seu corpo pode se assemelhar com o de uma menina de 12 anos e isso gerar sim, abusos diversos.

Se falarmos então a respeito de seu outro vídeo onde o "pai" leva a filha a um motel, temos mais uma gigantesca discussão a respeito de seus impactos. O que precisamos questionar aqui é: qual o benefício, a nível de regulamentação, para se manter esse conteúdo circulante nas redes?

Neste caso como um todo temos um agravante a mais, um vídeo pornografico como este no geral só chega até seus consumidores mais diretos, por meio de pesquisa específica e podem acabar tendo pouca visibilidade do público geral, mas, sendo Mc Pipokinha hoje uma pessoa pública e ganhando certa visibilidade, com imagem sim associada ao erótico, quantos não terão acesso a esse conteúdo já o sexualizando e talvez desenvolvendo ou percebendo um interesse sexual por crianças? Porque uma "Rainha da P*taria" com conteúdo tão infantil?

Bem, pontuadas as observações, deixo para vocês as discussões mais sobre o tema.